sexta-feira, 28 de março de 2008
S. Brás, Bispo
Mas poderemos fazer uma ideia de como seria através das imagens incluídas: na Leyenda de los Santos da British Library, no fólio 59 c [aqui reproduzida], ou na estampa semelhante que encontramos no fólio 194 c do Flos Sanctorum de Fr. Pedro de la Vega O.S.H., Sevilla, Juan Cromberger, 1540; e nas edições de António de Mariz da História... dos Santos [Hs] de Fr. Diogo do Rosário O.P. (1567, I, f. 119 c; 1577, I, f. 126 b).
A imagem representa uma pobre viúva, levando a São Brás, quando este está preso, a cabeça cozida do porquinho roubado por um lobo e recuperado graças ao Santo.
Diz o texto:
“Hũa molher pobre tinha hum soo porco, & vindo hum lobo lho furtou, & ela foy rogar a sam Bras que lhe fizesse tornar o seu porco, & sam Bras sorrindose disse, Nam te entristeças molher, porque teu porco te sera tornado: & logo veo o lobo & lhe tornou o porco. A viuua achando o porco matou o, & leuou parte dele cozido com pão & candea ao sancto ao carcere.” (Hs 1567, I, f. 119 d) [itálico nosso].
Como observámos, a imagem só recolhe a cabeça do porco, não estando figurados nem o pão nem a vela a que a ‘legenda’ faz referência.
Extracto de: Fr. António-José de ALMEIDA O.P. - IMAGENS DE PAPEL. O Flos Sanctorum em linguagem português, de 1513, e as edições quinhentistas do de Fr. Diogo do Rosário OP - A problemática da sua ilustração xilográfica. Porto: [Texto policopiado], 2005. Tese de doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005. IIIª Parte, 4.12/2.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Santa Águeda ou Ágata (Agatha)
Falta em O Flos Sanctorum em linguagem português [Ho flos sanctorum em lingoagem portugues, no original], de 1513 o fólio 46 (que teria a assinatura tipográfica [f. 6]), onde estaria o início da ‘legenda’ “Da sancta agueda virgem”[f. 47 r, ao cimo] (5 de Fevereiro).
«La vida & martyrio de sancta agueda virgen.»[LsBL, f. 60 d]
No Fs 1513 teria esta estampa xilográfica:
[1]
«HEra sancta agueda fija dalgo: fermosa enel cuerpo & mas fermosa enel anima: & seruia siempre a dios enla cibdad de catania en toda sanctidad. E quando el adelantado de cecilia: por que era villano queria que todos le ouiesen miedo: & era luxurioso & escaso: & seruia de grado alos ydolos. & penso que si el tomase a sancta agueda que le aurian todos miedo: como a fijo dalgo. & por que era luxurioso queria se fartar de su fermosura. & por que era auariento queria tomar las sus riquezas. & por que era ydolatra queria que adorase los ydolos & fizo la traer ante si: & supo su voluntat[sic] que no queria fazer ella nada. & mandola dar a vna mala muger: que llamauan Frodisia: la qual auia .jx. fijas tan malas como ella. [Fig.1]
[1] Fs 1513, f. 105 b – “sancta cristinha virgem”
[2] Na Legenda Áurea, diz-se: “a minha alma não poderá entrar no paraíso com a palma do martírio, se, com a maior diligência, não mandares triturar o meu corpo pelos algozes.” ([Bto.] Tiago de VORÁGINE [O.P.], Legenda Áurea, Porto, Livraria Civilização Editora, 2004 (ISBN 972-26-2127-0), t. I, p. 170 b)
[3] Na Legenda Áurea, diz-se: “Então, Quinciano, enraivecido, mandou que lhe torcessem um seio e, depois de durante muito tempo lho terem torcido, ordenou que lho cortassem.” (Vorágine, 2004, t. I, p. 170 b)
[4] No texto da LsBL, f. 61 c, tem: “yo soy el apostol sant pedro.”; na Legenda Áurea tem: “eu sou o seu Apóstolo”, e a seguir diz-se: “E logo, o Apóstolo Pedro desapareceu.” (Vorágine, 2004, t. I, p. 171 b)
[5] por ‘caualgou’.
[6] por ‘cauallos’.
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Fig.2 - Sta. Águeda recusa-se a adorar os ídolos:
Fig.3 - Martírio de Sta. Águeda:
Fig.4 - S. Pedro aparece a Sta. Águeda na prisão:
Fig.5 - Sta. Águeda colocada sobre lenha ardente:
Fig.6 - Sta. Águeda no leito de morte:
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http://www.confrades.com/santagata/portoghese.htm
sábado, 22 de dezembro de 2007
Os Pastores no Presépio de Belém
Anúncio aos pastores. Fs 1513, fólio 15 b.
Os Flores Sanctorum, apesar do seu nome significar Florilégio de Santos, incluíam também comentários ao evangelho. É este o caso “Do euangelho pastores loquebantur Luc. secundo capitulo.[1]” No fólio 15 b do Flos Sanctorum de 1513,[2] uma estampa (88x58 mm.), ladeada por tarjas, ilustra o comentário a esta perícope evangélica. Como acontecia com o texto relativo ao Nascimento de Jesus Cristo [3], o presente texto não provém da Legenda Áurea do Beato Tiago de Vorágine O.P.
O nosso texto começa por citar, abreviadamente, a perícope evangélica proclamada na Missa da Aurora do dia de Natal: “[P]Astores loquebantur ad inuicem[4] dicentes. Transeamus vsque ad bethleem & videamus hoc verbum quod factum est. &c [quod dominus ostendit .&c.[5] nobis. Et venérunt festinántes: et invenérunt Maríam, et Joseph, et infántem pósitum in praesépio. Vidéntes autem cognovérunt de verbo, quod dictum erat illis de púero hoc. Et omnes, qui audiérunt, miráti sunt: et de his, quae dicta erant a pastóribus ad ipsos. María autem conservábat ómnia verba haec, cónferens in corde suo. Et revérsi sunt pastóres glorificántes, et laudántes Deum in ómnibus, quae audíerant, et víderant, sicut dictum est ad illos.[6]].
Em seguida recolhe, da perícope anteriormente proclamada na Missa da Meia-Noite, a referência aos pastores e ao anúncio que lhes é feito pelo Anjo: “Diznos sam matheus[sic][7] no euangelho que quando veo ho tempo que ouue de nasçer jhesu christo nosso senhor na çidade de bethleem. erã pastores naquella regiõ que guardauã gaados: & aa ora que nosso senhor jhesu christo nasçeo: logo estes pastores ouuirõ cantar os anjos que cantauam & louuauã a deos aquella noyte em que elle nasçeo: & ho cantar era este. Gloria in excelsis deo:” (Fs 1513, f. 15 b)
É este o momento recolhido pela estampa ilustrativa, na qual o Anjo, de que é apresentado o busto alado sobre o segmento de uma glória estilizada, sustenta uma filactéria, onde se lê: “Gloria in excelsis Deo.”
São figurados somente dois pastores. O da direita, genuflectindo, toca uma gaita-de-foles com a mão esquerda, enquanto aponta para o Anjo com a direita. Por cima deste pastor, vêem-se no monte umas ovelhas pastando. O companheiro, figurado de costas, segura na mão esquerda o cajado tradicional com ponta em forma de colher ou pá[8], enquanto protege com a direita os olhos, gesto iconográfico tradicional para denotar que o personagem em questão vê uma grande claridade[9]. À sua esquerda, vemos casas espalhadas pelo monte, decerto querendo representar a cidadezinha de Belém. No primeiro plano vê-se, da esquerda para a direita, um cantil, feito de uma cabaça, pendurado num arbusto, um prato fundo e uma colher, e um pequeno odre de vinho (chamado em castelhano “bota”).
Não achei, nos Flores Sanctorum posteriores, nenhuma ilustração referente a este tema, habitual nos ‘Livros de Horas’. Será este um indício de que muitas das imagens reproduzidas neste livro foram criadas para ilustrarem ‘Livros de Horas’?[10]
De notar que, neste comentário, o texto do hino angélico, que é referido como tradução do texto evangélico latino, não é somente o do Evangelho (que coloquei em itálico), mas o hino completo cantado na Liturgia:
“Gloria in excelsis deo: & in terra pax hominibus bone voluntatis. &c. que quer dizer. Gloria & louuor seja dada a deos poderoso nos altos çeeos & em a terra paz aos homens de boa voontade. A ty louuamos & a ty benzemos. a ty adoramos. a ty glorificamos. Graças te damos polla tua grande gloria. senhor deos rey çelestryal deos padre poderoso en todas as cousas. Senhor jhesu christo huum filho soomente gerado: senhor deos. Cordeyro de deos. Filho de deos padre que tiras os pecados do mundo lenbrate de nos. Tu que tiras os pecados do mundo reçebe nossos regos[sic[11]] & petições. Tu que te assentas a destra de deos padre: aue merçee de nos pecadores. Ca tu soo es sancto. tu, soo es senhor: tu soo es ho mays alto. Jhesu christo cõ ho espirito sancto na gloria de deos padre amẽ.” (Fs 1513, f. 15 b-c)
Aliás, este hino litúrgico foi composto inicialmente para ser cantado na Missa da noite de Natal, tendo sido posteriormente alargado o seu uso às outras missas festivas.
O texto evangélico, tanto do Anúncio do Anjo aos pastores como da ida destes últimos ao presépio, é de seguida comentado através de um conjunto de explicações alegóricas, introduzidas pelo convite “Considerae amigos os cantares & duçuras desta noyte.” Primeiro vem o significado dos anjos: “Os anjos que cantã significã os douctores da sancta ygreja.”
Segue-se a explicação das trevas nocturnas em que a cena se passa: “A noyte em que naçeo jhesu christo que era em treeua significa este mundo que estaua em treeua que atee que elle naçeo todas as almas hyam em treeuas: assy as dos boos como as dos maaos”. - Alusão ao Limbo dos Pais.
Curiosa, na sequência da afirmação anterior, é a explicação das três missas de Natal: “Ca as tres missas que se dizi[sic]em este dia significã tres tempos conuem a saber huum ante da ley: & outro des que foy dada a ley: & outro he este em que agora estamos que he dicto tempo de graça."[12] Ante Legem: “Ha missa que se diz aa meya noyte significa o tempo de antes que ha ley fosse dada. porque eram todos em treeuas & nom sabyã quando faziã mal nem quando faziã bem: & eram todos perdidos”. Sub Lege: “Ha missa que se canta aa alua significa ho tempo da ley & dos mandamentos que ja os poouos hyam sayndo de treeuas: ca deantes nom sabiam nem conheçiã nada. E de hy adiante souberom & conheçerõ deos; ca fallou deos com elles & muytos anjos que lhe mandou. mas por esso ley de deos nõ os escusou de hyr ao inferno.” Sub Gratia: “Ha missa que se canta de dia significa o tempo de graça porque neste tempo nos fez deos bem & faz cada di. Ca despoys que naçeeo jhesu christo somos alumiados & craros & por esta rezam he dicto tempo de graça.”
Finalmente, o significado dos pastores, que, como é natural numa explicação alegórica, remete para os pastores da Igreja: “A significaçã dos pastores que vellã segundo diz ho euangelho esto he amoestaçã aos christaãos a que tenham cuydado .s. rectores curas & capellaães da ygrejas: que soõ pastores dos seus pouoos em sancta gloria: ca deuem vellar & gurdar[sic] seu pouoo & pregarlhe & amoestralhe em maneyra que o lobo que he diaboo nõ leue seus[sic] ouelhas que he ho pouoo cujos pastores & guardores elles som. Ca os pouoos dos christa-[f. 15 d]ãos sam emcomendados aos prelados & capelaães da madre sancta ygreja.”
Comentando a perícope evangélica da Missa da Aurora, mais explicações alegóricas:
“E diziã aquelles pastores huns aos outros. Transeamus vsque ad bethleem. que quer dizer passemos atee bethleeem & vejamos esto que os anjos disserom & veremos que cousa he de jhesu christo que dizẽ que he naçido. E diz ho euangelho que vierõ muy asynha & aa pressa. significa que sem nenhũa detença vamos a confessar nossos pecados. & venhamos a penitençia: & da maa vida venhamos a boa. E assy como elles passarom aa pressa. assi nos da a emtender que deuemos de hyr a jhesu christo por boa via & por boas obras quanto mays podemos." - É o momento de passar à exortação moral e ao convite à recepção do sacramento da penitência.
A explicação etimológica do nome da cidade de Belém, dá ensejo a uma alusão à Eucaristia e à igreja onde a reserva eucarística é guardada: “Bethleem quer tanto dizer como casa de pam. olly[sic] onde naçeeo jhesu christo: em outro tempo foy chamada eufrata. que quer dizer çidade de grande avondamento & polla grande auondança que nelle avia le pos jacob nome bethleem. Este bethleem significa ha ygreja: que he dicta casa de pam. Honde diz ho euangelho que disse jhesu christo: eu som pã verdadeiro que do çeeo desçendi.”[13]
Jesus é apresentado como exemplo de humildade: “E quando os pastores chegarom a bethleem acharõ a sancta maria & a joseph & a jhesu christo infante pequena[sic] enuolto em pannos villes: & posto na manjadoyra. Estaua jhesu christo emuolto em pannos vijs por nos dar enxempro que nõ amemos nem prezemos grandes pompas nem riquezas deste mundo:”, Ele que é Nosso Senhor: “& jazia na manjodayra[sic] que he gouerno das bestas: significa que elle he nosso gouerno & nossa vida: a qual nos nã podemos auer senã por elle.”
A nova referência aos pastores, dá novo ensejo a falar dos prelados, e os admoestar a serem bom pastores do rebanho que lhes foi confiado: “Estes pastores que vierom a nosso senhor jhesu christo: & o nã quiserom emcobrir: significa os prelados & gouernadores das ygrejas: nã deuẽ emcobrir os sacramentos de deos nẽ os seus feytos: mas deuẽ preegar & confessar & amoestar seus pouoos por que conheçã a deos.”
A atenção volta-se agora para Nossa Senhora, a mãe do Salvador: “Maria autem conseruabat omnia verba hec conferens in corde suo. Esto diz que sançta[sic] maria gardaua[sic] todas estas pallauras em seu coraçam: que cuydaua em ho fecto de jhesu christo que sabya que era deos verdadeyro filho de deos & que por elle auya ho mundo de seer saluo: & ella ho cuydaua muy bem em seu coraçõ.”
A última frase dá ensejo a falar da Salvação trazida por Jesus Cristo na Sua incarnação, morte e glória, da qual nos quer fazer participantes: "E[t] reuersi sunt pastores laudantes & glorificantes deum. Diz que estes [f. 16 a] pastores como virõ jhesu christo naçido & forõ çertos delle tornarõ se alegres louuando & benzendo a deos. E nos assi deuemos de fazer como os pastores: benzer & louuar: & glorificar o nome de deos verdadeiro jhesu christo que naçeo en tal nocte como esta: que elle que he ygual do padre na verdade: & se quis abayxar por nos ha tomar nossa carne. na qual tomou morte & payxã por nos saluar que elle nos liure de poder de nossos jmijgos E deuemos melhorar nossas vidas & hõrrar ho seu naçimento: que sejamos en amor & caridade: por que mereçamos hyr aa sua gloria.”
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Texto publicado em: TRAÇO DE UNIÃO, nº 169 (Dez. 2007), pp. 8-12.
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[1] Na Leyenda de los Santos da British Library (LsBL), [Burgos, Juan de Burgos, 1499?], f. XIX b, diz somente: “Del euangelio pastores loquebantur”. Não tem ilustração.
[2] Flos Sanctorum em linguagem português, Lisboa, Hermão de Campos & Roberto Rabelo, 1513 (Fs 1513).
[3] Ver TRAÇO de UNIÃO - Boletim do Dominicanos - Portugal, nº 165, pp. 3-7.
[4] Na LsBL, f. XIX b, o texto evangélico tem as palavras colocadas noutra ordem: “[A]d invicem loquebantur pastores”.
[5] A citação é mais completa em LsBL, f. XIX(.c.iij) b-c.
[6] Completei a citação a partir do texto do Evangelho proclamado na Missa da Aurora (Lc 2, 15-20).
[7] aliás Lucas, com é referido no título, na versão portuguesa. Em LsBL, f. XIX c, existe o mesmo erro: “Dizenos sant matheo”. O comentário refere-se Lc 2, 8-14 - a segunda parte do Evangelho proclamado na Missa do Galo (Lc 2, 1-14).
[8] Ver a este propósito, embora posterior, a porta do sacrário da capela da Via Sacra, em Viseu - António José de ALMEIDA, Retábulos Maneirista e Barrocos em Viseu (trabalho de Seminário de História da Arte orientado pelo Dr. Flávio Gonçalves), Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1976-77 (inédito), p. 29; Maria de Fátima EUSÉBIO, “A iconografia do sacrário da Capela da Via Sacra de Viseu”, in Actas do II Congresso Internacional do Barroco, Porto, DCTP-FLUP, 2003, pp. 495-496.
[9] Veja-se, por exemplo, o caso da representação da Transfiguração, como refiro num meu artigo, publicado na revista Brotéria, Lisboa (ISSN 0870-7618), vol. 142, nº4 (Abril 1996), pp. 413-424: Fr. António José de Almeida OP, “Metamorfose do olhar”.
[10] A descrição desta estampa xilográfica é tomada da minha tese de Doutoramento em História da Arte, orientada pelo Pe. Prof. Doutor Fausto Sanches Martins CSsR, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto: Fr. António-José de ALMEIDA OP, IMAGENS DE PAPEL. O 'Flos Sanctorum em linguagem português', de 1513, e as edições quinhentistas do de Fr. Diogo do Rosário OP - A problemática da sua ilustração xilográfica, Porto, [Texto policopiado], 2005, IIIª parte, 3.1/3.
[11] por ‘rogos’.
[12] Ver a divisão da História Sagrada em: Louis RÉAU, Iconografía del arte cristiano, Barcelona: Ediciones del Serbal, 1996-2000 (1ª ed.) (ISBN 84-7628-164-1. 6 vols.): tomo 1 - Iconografía de la Bíblia, 1996 (vol. 1- Antiguo testamento, vol. 2 - Nuevo testamento).
[13] Ver a este propósito a minha tese de Mestrado em História da Arte, orientada inicialmente pelo Prof. Doutor Artur Nobre de Gusmão e depois pelo Prof. Doutor Vítor Serrão, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: Fr. António José de ALMEIDA O.P., «Imagines Sacrae» no Convento de São Domingos de Benfica, Lisboa, [Texto policopiado], 1999, I vol., pp.128-131: “O Natal e a Eucaristia”.
Natal de Jesus Cristo
A xilogravura impressa na primeira coluna (a) do fólio 14 do nosso Flos sanctorum em linguagem português, acabado de imprimir em Lisboa, por Hermão de Campos & Roberto Rabelo, a 15 de Março de 1513, no início da ‘legenda’ intitulada “Do nasçimento de nosso senhor Jhesu christo” (f. 13 d), representa a cena do parto virginal de Jesus. Esta passa-se num estábulo, ao ar livre, só com uma cobertura de madeira e colmo, o tugúrio debaixo do qual se encontra a manjedoura junto da qual estão a asna e o boi. A razão de ser da presença dos dois animais é dito no texto[1] inspirar-se em dois textos não canónicos:
“Agora vos queremos dizer outra razã deste nascimento que achamos en ho liuro que fez santiago ho menor[2]: que foy bispo de jherusalem. & en outro liuro que chamã dos nazarenos[3]: & dizem assy. Que quando se hyã joseph & sancta maria por aquella estrada que hia de na-zared pera bethleem leuauã com sigo huum boy pera vender pera pagar aquella peita: & huũ[sic] asna em que hya sancta maria (...) & fez entrar sancta maria em hũa daquellas couas na mays escura & mais temerosa que hy estaua & nõ auia hy lume nenhuum. E entonçe como entrou sancta maria foy loguo ally tã grande a craridade como se ally esteuesse ho sol ao meyo dia quando he mays craro. (...) a virgem sancta maria: em tanto pario ella sen door nem trabalho nenhuum. & assy nasçeeo della seu filho nosso senhor jhesu christo deos & homem verdadeyro: & ella nõ ho sentio senã quando ella vyo ante sy: naado ho minino: & ficou ella virgem como era dantes. E esto por muytos pro-phetas foy profetizado os quaaes souberõ a poridade de deos. (...) E diz agora aquelle euangelho de sam lucas que despoys que sancta maria pario seu filho. que ho enuolueo em huns panezinhos & o pos em hũa manjadoyra. & aquella manjadoyra era huum pouco longa & a huum cabo della comia ha asna em que andaua sancta maria & ho boy ao outro. (...) E como paryo porque nõ achou lugar mays molle poseo em huum pouco de feno enuolto em huuns panos & ho boy & a asna como ho sentirõ leyxarõlhe toda a manjadoyra & tirarõse a fora & abayxarõ as cabeças atee a terra adorando. & esto da asna & do boy foy assy feyto porque se comprisse ha propheçia que muyto tempo antes dissera o propheta jsayas. que escreueo esta pallaura. Conheçeo ho boy cujo era & ha asna a manjadoyra do seu senhor [Is 1,3]. E outro propheta que ouue nome abacuh escreueo esta outra propheçia. Em meyo de dous animaes sera conhecido [Hab 3,2 [4]]. & esto nos diz o euangelho.” (Flos Sanctorum de 1513, ff. 14 c – 15 a, negrito e itálico meus)
Contrariamente ao texto, que fala de uma cova, a cena passa-se no pátio de um estábulo, ao ar livre, mas de acordo com uma tradição iconográfica iniciada no séc. XV com o chamado ‘estilo internacional’, o Menino está deitado no chão do pátio, com um nimbo à volta da cabeça e auréola envolvendo o corpo[5], já que, segundo as visões místicas de Santa Brígida, todo Ele irradiava luz.[6]
Segundo Réau[10], a primeira representação da Natividade de Cristo de acordo com as Revelações de Santa Brígida encontra-se numa pintura mural a fresco, existente na igreja dominicana de Santa Maria Novella, em Florença, da autoria de Piero di Miniato, datando de finais do séc. XIV [11]. Nesta imagem, outros personagens adoram também de joelhos o Menino Deus recém-nascido: S. José, que cruza os braços sobre o peito, e inclusive a vaquinha e a burrinha (veja-se o nosso texto: “ho boy & a asna como ho sentirõ leyxarõlhe toda a manjadoyra (...) abayxarõ as cabeças atee a terra adorando”). Atrás de S. José vê-se uma santa mulher em traje de viúva, também adorando de joelhos e mãos postas – seguramente Santa Brígida. A cena passa-se numa gruta, segundo o modo de representar na iconografia bizantina (e que o nosso texto também recolhe: “& [José] fez entrar sancta maria em hũa daquellas couas na mays escura & mais temerosa que hy estaua & nõ auia hy lume nenhuum.”)
Na Península Ibérica, encontraremos também a figuração de Santa Brígida da Suécia numa entalhadura impressa em Saragoça, na oficina de Paulo Hurus [12], primeiro em 1495 no livro de Martín Martínez de Ampiés, Triunfo de María. Amores de la Madre de Dios [13]; e depois em 1498, no fólio 71 (k5) a da edição castelhana do livro de Bernardus de Breidenbach, deão de Mogúncia, Viage dela Tierra Sancta (traduzido pelo autor do livro anterior, Martín Martínez de Ampiés), acabado de imprimir em Saragoça, por Paulo Hurus, a 16 Janeiro 1498 [14]. Kurz [15] identifica a cena como “Anbetung der Eltern und Salome (?)”, sendo a interrogante bem justificada.
Podemos ver uma origem remota da nossa xilogravura em imagens flamengas e de modo particular no painel central do ‘Retábulo de Peter Bladelin’, obra documentada começada a pintar por Rogier van der Weyden, a óleo sobre madeira, não muito depois de 1452 [16], e que hoje se encontra na Gemäldegalerie, do Berlin-Dahlem Museum [17]. Temos no nosso país uma pintura flamenga da Natividade (40,8x32,2 cm.), não documentada, datável pelos especialistas dos anos subsequentes a 1440, mas com nítida afinidade com a do retábulo de Bladelin, como o reconheceu Pedro Dias [18]. Esta tábua pintada pertenceu seguramente a uma instituição religiosa portuguesa, e conserva-se hoje no MNAA, com o Inv. nº 1243 [19]. Terão estas duas pinturas flamengas um protótipo comum? [20] Não é aqui o lugar para aprofundarmos esta questão.
Neste campo, com traço muito simplificado, mas por isso mesmo muito legível, encontramos uma representação muito semelhante à destas pinturas, mas com o Menino colocado no chão, numa estampa da Biblia Pauperum em alemão[21], impressa em Bamberg, por Albrecht Pfister, por volta de 1462, no verso do fólio 1 [22] e reestampada pelo mesmo impressor, pensa-se que no ano seguinte, na edição latina do mesmo livro[23]. Nesta estampa vemos praticamente todos os elementos da nossa, menos a paisagem e a estrela. A Senhora tem as mãos postas voltadas para cima, ao contrário da nossa que, como nos quadros, as tem voltadas para baixo; e sobre os ombros tem um manto, ausente da nossa estampa, tal como no retábulo Bladelin de Rogier van der Weyden.
Vemos, pois, por este entre outros exemplos, como os modelos iconográficos viajavam, não estando vinculados a um texto.
Texto publicado, em parte: num artigo incluído no nº 21 da revista Cultura[24]. Texto total pubicado no nº 165 (Dez. 2006) do TRAÇO de UNIÃO, pp. 3-7.
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[1] Diferente do da Legenda Áurea do Beato Fr. Jacopo da Varazze O.P., e possivelmente da autoria de Fr. Gauberto Fabricio de Vagad O.Cist.
[2] Trata-se do Proto-Evangelho de Tiago, um apócrifo ortodoxo (ou seja, não gnóstico ou esotérico).
[3] Certamente, o chamado Evangelho do Pseudo Mateus, outro apócrifo ortodoxo, de grande voga no Ocidente medieval – vd. Aurelio de SANTOS OTERO, Los Evangelios Apócrifos (col. B.A.C. 148), Madrid, Biblioteca de Autores Cristianos, 2003 (10ª ed.) (ISBN 84-7914-044-5), pp. 171-172.
[4] Na versão dos LXX ou Septuaginta.
[5] Ver distinção entre Nimbo, Auréola e Glória no artigo do [Pe.] Fausto S[anches] MARTINS [C.Ss.R.], “Aspectos polémicos dos painéis de S. Vicente: Ritual e iconografia”, in Revista da Faculdade de Letras. Ciências e Técnicas do Património. Universidade do Porto, Porto (ISSN 1645-4936), vol. II (2003), pp. 267-290, esp. pp. 271-278.
[6] C[arlos] A[lberto] Ferreira de ALMEIDA, O Presépio na Arte Medieval [Separata da revista Arqueologia, Porto, nº 6 (Dez. 1982), pp. 137-151: "Iconografia do Presépio Medieval"], Porto, Instituto de História de Arte, Faculdade de Letras do Porto, 1983 (Col. Iconografia I), p. 4/[138] b.
[7] Erwin PANOFSKY, Los Primitivos Flamencos, Madrid, Cátedra, DL 1998 (ISBN 84-376-1617-4), p. 52.
[8] Revelationes de Santa Brígida da Suécia, VII, 21 [apud Ibidem].
[9] A mesma forma de apanhar os cabelos pode ver-se, por exemplo: na imagem do Natal da Biblia Pauperum de ca. 1462, como a seguir refiro [Fig.e]; e na representação de Santa Eulália no Retablo de la Virgen de los Consejeros, realizado por Luís Dalmau em 1445, e conservado no Museo Nacional de Arte de Cataluña [Vd. Gaston DUCHET-SUCHAUX & Michel PASTOUREAU, Guía iconográfica de la Biblia y los santos, Madrid, Alianza Editorial, 2001 (1ª ed., 2ª reimpr.) (ISBN 84-206-9478-9), p. 161].
[10] Louis RÉAU, Iconografía del arte cristiano, Barcelona, Ediciones del Serbal, 1996-2000 (1ª ed.) (ISBN 84-7628-164-1) [6 vols.: Introducción general, 2000; tomo 1 - Iconografía de la Bíblia, 1996 (vol. 1- Antiguo testamento, vol. 2 - Nuevo testamento); tomo 2 - Iconografía de los santos, 1997-98 (vol. 3 - De la A a la F, vol 4 – De la G a la O, vol. 5 - De la P a la Z)], t. 1/ vol. 2, p. 237.
[11] Ver reprodução em: Stefano ORLANDI & Isnardo P[io] GROSSI, Santa Maria Novella e i suoi Chiostri Monumentali, Firenze, Edizioni S. Becocci, post. 1983, fig. 4, p. 9.
[12] Ver reprodução em: Francisco VINDEL, El Arte Tipográfico en España durante el siglo XV, Madrid, Ministerio de Asuntos Exteriores, Dirección General de Relaciones Culturales, 1945-51, vol. IV, p. 267//5.
[13] Cf. Martin KURZ, Handbuch der iberischen Bilddrucke des XV. Jahrhunderts, Leipzig, Karl W. Hiersemann, 1931, p. 123, cat. nº 77, 43.
[14] Cf. M. KURZ, 1931 (nota 13), p. 55, cat. nº 248, 7; Pedro TENA TENA, “Los grabados del Viaje de la Tierra Santa (Zaragoza, 1498)”, in Boletín de Museo e Instituto «Camón Aznar», 81, 2000, pp. 219-241, esp. p. 231.
[15] M. KURZ, 1931 (nota 13), loc. cit. nota 19.
[16] E. PANOFSKY, 1998 (nota 7), p. 273).
[17] Ver reprodução em: Jacques LASSAIGNE, La Pinture Flamande. Le Sècle de Van Eyck, [Genève], Éditions d’Art Albert Skira, le 15 septembre 1957, p. 93.
[18] P[edro] D[IAS], “Natividade”, in No Tempo das Feitorias, 1992, vol. I, cat. nº 1, p. 116 (onde refere, como Bibliografia, o livro a seguir referido nesta nota). Em 1967 (in Marie-Léopoldine LIEVENS-DE WAEGH, Les Primitifs Flamands - Lisbonne I: Le Musée National d’Art Ancien et le Musée National des Carreaux de Faïence de Lisbonne, vol. I, Bruxelles: s.ed. [Soporcel, mecenas], 1991, p. 39 e p. 44, nº 6), Ignace Vandevivere, professor na Universidade Católica de Lovaina, atribuía-lhe a data de finais do séc. XV.
[19] P. D[IAS] – Ibidem (nota 18). Ver reprodução em: No TEMPO das FEITORIAS. A Arte Portuguesa na Época dos Descobrimentos, Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga, 1992, 2 vols. (ISBN 972-95775-0-1), vol. I, p. [117]].
[20] M.-L. LIEVENS - DE WAEGH [1991 (nota 18), p. 33] afirma que “Sans en copier la composition, cette Nativité reprend, en les inversant, des motifs iconographiques de celle di retable Bladelin de Van der Weyden”.
[21] Ver reprodução em: Walter L. STRAUSS (ed. geral), The Illustrated Bartsch, [New York], Abaris Books, <© 1979-2001>, vol. 80, p. 41, fig. 1462/57 (Schramm 1.170).
[22] Albert SCHRAMM, Der Bilderschmuck der Frühdrücke (begründet von Albert Schramm, fortgeführt von der Kommission für den Gesamtkatalog der Wiegendrucke), Leipzig, 1920-1923 & Stuttgart, Hiersemann, 1924-1943 (23 vols.), nº 1.170.
[23] W. STRAUSS (ed. geral), The Illustrated Bartsch (nota 21), vol. 80, p. 54.
[24] Cultura. Revista de História e Teoria das Ideias, Lisboa, Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa (IIª Série) (ISBN 0870-4546), vol. XXI (2005). O artigo em questão intitula-se: “Desencontros entre texto e imagem ‘ilustrativa’, no Flos Sanctorum de 1513”, pp. 45-64. A parte incluída neste ‘paper’ vem nas páginas 52 a 55.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
S. Nicolau, no 'Flos Sanctorum' de 1513
Pequena estampa de São Nicolau (1.)
A entalhadura que serviu de matriz a esta estampa foi copiada em espelho, como se pode verificar pelo facto de o bispo abençoar com a mão esquerda, quando habitualmente o faz com a direita, como, aliás, se verifica na estampa com a mesma temática, mas de grandeza média, inserida no fólio 9 d desta obra. Era muito frequente o entalhador de uma matriz xilográfica se esquecer de virar o desenho no momento de fazer a entalhadura, especialmente quando se tratava de cópia de outra estampa, realizada mediante decalque.[3] Erro semelhante é corrente hoje em dia quando se imprime uma imagem a partir de um slide: é frequente sair invertida em relação ao original. Trata-se pois de um erro frequente em trabalhos tipográficos. Talvez seja somente devido à orientação da figura de São Nicolau, virado para a nossa direita, o factor que determinou a colocação desta imagem do lado direito de Cristo na cruz, que atrás descrevemos, lugar tão importante do ponto de vista da colocação das imagens numa igreja, o chamado lado do Evangelho.[4] Também pode ser que se trate de um santo de especial devoção dos impressores. É padroeiro dos mareantes, devido a um milagre realizado por sua intercessão ainda era vivo na terra.
“E huum dia huuns marinheyros. ouuerõ muy grande tempestade & com muytas lagrimas disserõ assy. Ay sam nicolao seruo de deos. se assy he ho que dizem de ty prometemos te que te mandemos offertas. & estaremos en tua casa. E nesto apareçeo huum homem em ha companhia en sua semelhança. & disselhes vedesme aqui que me chamastes. & cõmeçoulhes logo aajudar em todas armaduras & aparelhos da naue: & logo çessou a tempestade E quando vierõ aa sua ygreja logo ho conhecerõ ainda que lho nenguem nõ mostrou: E emtonçe louuarõ a nosso senhor deos & a elle que os liurara. E disselhes que a misericordia de deos os liurara & a sua boõa ffe.”[5] (Flos Sanctorum 1513, f. 10 b)
O culto deste santo espalhou-se por todo o mundo cristão, e é particularmente venerado nos países germânicos, de onde é natural pelo menos um dos impressores: Herman de Kempis, aportuguesado Hermão de Campos. Sabemos como figuras de santos fazem parte de marcas de impressores, como é o caso da oficina saragoçana que foi de Paulo e Joan Hurus, e depois de Jorge Coci [S. Sebastião & São Tiago] (Lyell, J., 1997, pp. 161-162).
Preenchendo o espaço livre entre esta estampa, menor que as seguintes, e a margem superior, foi colocada, como já dissemos (1.1.1. Folha-de-rosto), uma pequena tarja.
No Flos Sanctorum de 1513, esta xilogravura ilustra também, no fólio 78 c, a ‘legenda’ da Trasladação do corpo de Santo Ildefonso de Toledo, intitulada: “Da trasladaçom & achamento do bemauenturado senhor sancto yllefonso arçebispo de toledo & em que maneira foy achado o seu corpo em çamora.” Terá o tipógrafo entendido salmoura ou jogado maliciosamente com as palavras?
Extracto de: Fr. António-José de ALMEIDA OP - IMAGENS DE PAPEL. O Flos Sanctorum em linguagem português, de 1513, e as edições quinhentistas do de Fr. Diogo do Rosário OP - A problemática da sua ilustração xilográfica. Porto: [Texto policopiado], 2005. Tese de doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005. IIIª Parte, 1/8.
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[1] Sobre o episódio, lendário, a que se refere, veja-se, mais à frente o apartado 4.9.B2/2. [Texto trascrito a seguir].
[3] Devemos esta informação ao Professor Artur Anselmo, em conversa pessoal.
[4] Vejam-se, a este propósito, as considerações que tecemos num meu artigo ( A.-J. ALMEIDA, 2003, p. 25 e nota 41).
[5] O itálico, indicando o discurso directo, é nosso em todas as citações que se seguem.
Roger Wieck (1997, p. 115) afirma que esta estória parece ter tido a sua origem em França, pertencendo ao século XII a sua mais antiga referência, embora seja sem dúvida mais antiga. Segundo este mesmo autor, ela terá derivado de uma má leitura das três bolas amarelas que são atributo do Santo, confundidas com três cabeças. Ora as três bolas douradas representam as três bolsas de dinheiro que serviram de dote a três moças votadas à prostituição.
Conta assim este episódio o nosso livro:
“E despoys que ho pay & a may forom mortos [Saam nicholao] começou de cuydar em que maneyra despenderia as riquezas que lhe leyxarõ nõ em louuor do pouoo mas a seruiço de deos. E neste tempo huũ seu vezynho assaz fidalgo tynha tres filhas dõzelas virgens & por rezã da proueza en que era: as queria fazer maas molheres porque se podesse gouernar & manteer com o ganho dellas. E despoys que o soube sam nicolao aborreçeo este pecado: & de noyte e em escõdido tomou hũa massa de ouro emborulhada em huũ pano & deytoulho em casa per hũa fresta & foysse. E ho boo homem leuantouse polla manhaã & achou o ouro: & deu graças a deos & casou a filha mayor. E despoys de hy a pouco tempo ho seruo de deos fez outro tanto como a primeyra vez. E despoys que aquelle homem ysto vyo começou de louuar muyto a deos & a marauilharse & espreytou por veer quem era aquelle que lhe acorria a tã grande coyta & mingoa. E despojs a pouco tempo deytou outra massa dobrada em sua casa: & o boõ homem acordou ao golpe do ouro & foy apos sam nicolao, & des que ho conheçeo deytouse a seus pees & quisera lhos beijar: mas elle nõ lho quis cõsentir: ãtes lhe rogou que o nõ descobrisse em sua vida.[1]” (Flos Sanctorum 1513, f. 10 a).
Porém Émile Mâle [2], seguido por Metford [3], faz derivar a lenda de outro episódio da vida do Santo, que o nosso livro relata do seguinte modo:
“o emperador (...) mãdou que os metessem [aos três príncipes] em huũ ca.çere.[sic] & que os matassem aquella noyte (...) e elles estãdo assy em oraçõ aquella noyte, apareçeo sã nicolao ao emperador (...) E assy mesmo espantou ao prefeto que era juiz mayor que acõselhara ao emperador (...) E o emperador (...) disselhes: hydevos & agradeçey a deos que vos liurou pello rogo de sam nicolao. (...) (Flos Sanctorum 1513, f. 10 c-d)
Estampas semelhantes aparecem-nos em duas obras atribuídas às oficinas de Burgos, nos finais do século XV: as Orationes a plenum collectae, atribuída a Fradique de Basilea, em 1498 [4] (reestampando uma xilogravura que já tinha aparecido, em 1494 no Flos Sanctorum Romançat, impresso em Barcelona, no fólio 15 b); e a do fólio 12 c da Leyenda delos Santos da British Library [5]
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Na estampa do fólio f. 9 d do Fs 1513, assim como nas outras, espanholas, aqui referidas, vêem-se melhor os três meninos do que na estampazinha com a mesma temática que figura no rosto do Flos Sanctorum de 1513 e depois é repetida no corpo do texto, que atrás (1/8.) analisámos [Texto reproduzido acima].
[1] O episódio dos três dotes é anterior a S. Nicolau ser bispo, o que se pode ver num quadro do ciclo da vida deste santo pintado pelo Beato Fra Angelico, que neste episódio o figura jovem com traje civil (Tout l’oeuvre peint de Fra Angelico, Paris, Flammarion, ©1973, PL. XX-XXI).
'Flos Sanctorum' de 1513, ilustrações
Ho flos sctõrum em lingoajem portugues, de 1513 (Ans.[1] 443)
Esta obra foi acabada de imprimir em Lisboa, por Hermão de Campos & Roberto Rabelo, a 15 de Março de 1513, como consta do cólofon (f. 267r.):
“Aqui se acaba a leenda dos sanctos tresladada em lingoagem portugues. aqual se chama ystorea lombarda. pero comuûmente se chama flos sanctorum porque em ella se contem a flor das vidas dos sanctos com diligençia corregida & êmendada & acreçentada de duas vidas louuauees .s. de sancta Anna & sam Erasmo: que por grande negligençia forom esqueçidas. E nom menosprezando nem esqueçendo os nossos sanctos que nos regnos de portugal resprandeçem per muytos milagres acreçentamentos destes aa presente .xix. vidas. Ha qual obra foy feita & tresladada a fym que os que a lengua latina nom entendem. nom sejam priuados de tam exçellentes & marauilhosas vidas & exempros. Et por que cada huum estando em sua casa despenda o tempo em leer tam exçellentes & sanctas vidas & exempros que outras ystoreas vaãs ou liuros de pouco fructo. E a sobredicta obra foy emprimida em a muy nobre & sempre leal cidade de Lisboa. Com preuilegio del Rey nosso senhor: per Herman de campis bombardero del rey. & Roberte rabelo. A .xv. dias de Março de mil quinhentos & treze.”
A “ystorea lombarda” aqui referida é o texto escrito pelo Beato Jacopo da Varazze OP, mais conhecido actualmente por Legenda Áurea. O título de Historia lombardica vem-lhe da inserção da referida crónica na ‘história’ do Papa São Pelágio [2], penúltimo capítulo original da obra.
Sobre Fra Jacopo da Varazze, escreve Fr. António de Sena OP, na sua Bibliotheca Ordinis Fratrum Praedicatorum, impressa em Paris por Nicolas de Nivelles, em 1585, nas páginas 123 e 124, notícia nº [263]: “Frater Iacobus de Voragine, sic dictus (si Tritemio creditur) propter profunditatem doctrinæ, quasi voraret omnes (aliis de Viragine dictus, ab oppido quod est in territorio Genuensium) Archiepiscopus posteà factus Geneuensis, vir fuit suo tempore clarissimus & multiiuga rerum cognitione illustris, in diuinis autem scripturis versatus admodum, & voluminum D. Augustini tam diligens & assiduus lector, vt ferè illius omnia memoria tenuisse diceretur. Apud posteros autem suum nomen euulgauit multipliciter, Vtriusque testamenti libros in Italicum sermonem primus vertisse fertur. Legendas sanctorum in vnum volumen compillauit, multa illi ex historia Ecclesiastica & Tripartita coniungens. (...) Obiisse dicitur anno 1298.”
Fr. António de Sena chama pois a esta obra Legendae sanctorum. Parece ser de origem ibérica o título Flos Sanctorum. O nosso texto baseia-se nesta obra de Fr. Jacopo da Varazze, mas resume-a muitas vezes e outras contêm texto diferente, como é o caso das ‘legendas’ referentes ao dia de Natal [3] e aos Quatro Santos Coroados [4].
A notícia do Catálogo dos Impressos de Tipografia Portuguesa do século XVI, organizado por Maria Alzira P. Simões,[5] afirma que se trata da tradução de La Leyenda de los santos, excepto no que concerne aos “Extravagantes”. Diz ainda que esta Leyenda é a versão livre da Legenda Aurea de Jacobus de Vorágine. Esta afirmação, como vimos, não deve ser tomada de modo estrito, mas genérico.
Contém um prefácio do cisterciense Fr. Gauberto Fabricio de Vagad (“reuerẽdo padre Gauberte”), pertencendo a uma família de Flores Sanctorum em castelhano que designaremos, por isso mesmo, por Flos Sanctorum de Vagad. A característica mais saliente desta família de Flores Sanctorum é o facto de trazerem no início a Paixão de Jesus Cristo. Ao facto de se tratar da tradução de um texto castelhano se refere o prólogo, onde se afirma que a Paixão foi “trasladada de latim em comuũ fallar castilhano pera a gẽte comuũ de espanha E agora essa mesma foy trasladada de castilhano em lengoagem portuguees” (f. A j c). O texto do Flos sanctorum de 1513 está aliás cheio de castelhanismos.Segundo Colomer Amat,[6] a mais antiga edição deste Flos Sanctorum de Vagad que chegou até os nossos dias é precisamente uma de que restam somente 11 fólios contendo unicamente parte do prólogo e o ciclo da Paixão de Cristo, saída muito provavelmente das oficinas burgalesas de Fradique de Basilea, por volta de 1493. Seguir-se-lhe-á a edição atribuída à oficina de Juan de Burgos, impressa por volta de 1500, de que existe um exemplar mutilado (sem folha de rosto nem cólofon) na British Library, em Londres [a seguir Ls BL]. Há referências a uma edição de Toledo de 1511, de que houve um exemplar na Biblioteca Colombina de Sevilha. Segue-se a nossa edição em português, em 1513, traduzida, na maior parte, do castelhano, mas com acrescento de capítulos próprios. Posterior a esta edição seria a do exemplar conservado em Loyola, a que Colomer atribui a data de 1520. Umas poucas folhas encontradas na Biblioteca Colombina parecem ser da mesma edição deste exemplar. Há a referência a uma de 1551 impressa por Pedro Bernuz em Saragoça, cujo único exemplar está actualmente desaparecido. A edição mais tardia conhecida é a saída dos prelos de Juan Gutiérrez em Sevilha em 1568.[7] A mesma autora[8] formula a hipótese da existência de uma edição anterior à de 1493, saída dos prelos de Paulo Hurus, em Saragoça, de onde derivariam todas as outras, isto do ponto de vista literário.Da parceria de impressores Hermão de Campos & Roberto Rabelo só se conhece esta obra, sendo a única de Roberto Rabelo. Hermão de Campos é o nome aportuguesado de “Herman de kempis alemã”, como figura na primeira obra que imprime em Portugal, neste caso em Setúbal, em 1509, a Regra: statutos: & diffinçoẽs: da ordem de Sanctiaguo (Ans. 434).
[Ilustrações]
1.1. Folha-de-rosto (238x154 mm.)
Por cima do título, xilográfico (76x149 mm.)[9], foram colocadas doze peças decorativas. Ao centro, uma estampa grande com o escudo real (115x87 mm.), sobrepujada por quatro pequenas imagens sacras, representando, da esquerda para a direita: (1.) São Nicolau (34x25 mm.), (2.) Jesus crucificado (39x25 mm.), (3.) a Santíssima Trindade do tipo Trono da Graça (38x25 mm.), e (4.) Nossa Senhora do Rosário (38x25 mm.). Uma tarja pequena (5x23 mm.) foi colocada sobre a imagem de São Nicolau, a fim de lhe aumentar a altura, já que esta imagem é ligeiramente mais pequena à altura que as outras três. Sobre o título, ladeando a estampa com o escudo, estão duas pequenas imagens, figurando dois astrólogos: à esquerda, (5.) Homem apontando uma estrela (35x27 mm.), e à direita, (6.) outro Homem com um rolo na mão (35x27 mm.). Sobre estas estampas estão colocadas duas tarjas laterais, cada qual com duas vinhetas com candelieri e máscaras (esq. 120x25 mm.; dir. 120x 24 mm.)
Todos os cadernos têm assinaturas tipográficas: A//10; a-z//8, A-I//8, K//10. Faltam folhas (assinaladas no códice por folhas em branco), a que corresponderiam as assinaturas: A//2; a//1, a//8, f//5, f//6, h//6, h//8, l//1, q//7, x//1, C//7, E//1-2, E//7, F-F//2, F//4-F//6, G//8, I//5, I//6, I//8, K//5, K//6.
Os primeiros dez fólios não são numerados, pelo que os designarei através da respectiva assinatura tipográfica, sendo fácil de os distinguir dos que contêm pela segunda vez a assinatura A, já que estes últimos são numerados.[10]
O Prólogo devia ocupar dois fólios, mas só chegou até nós o primeiro deles, o fólio inumerado com a assinatura A j. Eis o seu início:
“[H]O presente prolloguo foy feyto pollo reuerẽdo padre Gauberte sobre aquella muy esclarecida & famosa obra que se fez em a çidade Constançia: em o tempo que foy çelebrado ho conçilio geeral. por aquelle tam auãtajado & reuerendo mestre em theollogia. & Chançeller de. Paris mestre. Johã gersom. que se chama em grego monothesarom. que quer tanto dizer como huum dos quatro Porque das quatro hystorias dos sãctos quatro euãgelistas tyra huum comuum fallar & hũa conforme hystoria de todas marauilhas do eterno prinçipe jhesu christo” (f. A j c).
O conteúdo do segundo fólio pode ser reconstituído com o texto igual contido na obra intitulada Livro e Legenda dos Santos Mártires, impressa poucos meses depois (Livro e Legenda, 1513).
1.2. Paixão de Cristo
Ao prólogo, segue-se a Paixão de Jesus Cristo, segundo o texto organizado por Jean Gerson, chanceler da Universidade de Paris, como é dito expressamente no trecho do prólogo anteriormente transcrito. A Paixão é profusamente ilustrada por estampas de xilogravuras médias (84x57 mm.), que passarei a descrever esquematicamente. Estão ladeadas por tarjas, a fim de a largura da mancha da ilustração se aproximar da largura da coluna de texto.
(7.)- Estampa (84x57 mm.) representando o Lava-pés; ladeada por tarjas (Larg.72 mm.) – no fólio com assinatura A 3 c.
(8.)- Estampa (84x57 mm.) representando a Última Ceia; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio com assinatura A 3 d.
(9.)- Estampa (85x57 mm.) representando a Oração no horto; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio com assinatura A 4 d. Um restauro com papel colado de cor amarelada provoca uma mancha no canto superior direito, onde está representado o cálice com a hóstia.
(10.)- Estampa (82x57 mm.) representando a Prisão de Jesus; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio com assinatura A 5 b.
(11.)- Estampa (83x57 mm.) representando Jesus perante Anás; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio com assinatura A 5 d.
(12.)- Estampa (Alt. 83 mm.) representando Jesus conduzido a Caifás – no fólio com assinatura A 6 a. Um restauro com papel colado de cor amarelada provoca uma mancha no lado esquerdo da estampa.
(13.)-Estampa (A. 84 mm.) representando Jesus perante Pilatos – no fólio com assinatura A 6 d. Falta aqui a parte direita da estampa.
(14.)- Estampa (83x57 mm.) representando Jesus perante Herodes; ladeada por tarjas (L.73 mm.). Mancha de colagem ao nível da coroa de Herodes e do cimo da fronte de Jesus. – no fólio com assinatura A 7 a.
(15.) Repetição da ilustração 13. (f. A 6 d): Jesus perante Pilatos. Estampa completa (84x57 mm.); ladeada por tarjas (L.74 mm.) – no fólio com assinatura A 7 b.
(16.)- Estampa (83x57 mm.) representando o Ecce Homo; ladeada por tarjas (L.74 mm.) – no fólio com assinatura A 7 c//1.
(17.)- Estampa (85x57 mm.) representando a Flagelação; ladeada por tarjas (L.72 mm.). Falha no canto inferior esquerdo da estampa. – no fólio com assinatura A 7 c//2.
(18.)- Estampa (86x61 mm.) representando o Lava-mãos de Pilatos; ladeada por tarjas à esquerda (L. 69 mm.) – no fólio com assinatura A 8 a.
(19.)- Estampa (85x57 mm.) representando a Coroação de espinhos; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio com assinatura A 8 b.
(20.)- Estampa (84x57 mm.) representando a Jesus Cristo a caminho do Calvário; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio com assinatura A 8 c.
(21.)- Estampa (86x59 mm.) representando a Crucificação no chão; ladeada por tarjas (L.75 mm.) – no fólio com assinatura A 8 d.
(22.)- Estampa (85x56 mm.) representando Jesus Cristo crucificado; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio com assinatura A 9 a.
(23.)- Estampa (87x58 mm.) representando o Descimento da cruz; ladeada por tarjas (L.74 mm.) – no fólio com assinatura A 9 d.
(24.)- Estampa (87x59 mm.) representando o Sepultamento; ladeada por tarjas (L.75 mm.) – no fólio com assinatura A 10 a.
(25.)- Estampa pequena (41x30 mm.) representando a Verónica – no fólio com assinatura A 10 c. Depois da narrativa da Paixão, vem a “Carta de põçio pilato ao tiberio çesar sobre a morte & resurreiçã de christo”, que precede uma oração a Jesus crucificado. Estes dois textos são ilustrados por esta imagem da Verónica, inserida no meio do texto da Carta, no início da segunda coluna de texto, precisamente antes da descrição do rosto de Jesus Cristo.
1.3. Flos Sanctorum
Segue-se o texto do Flos Sanctorum propriamente dito. É basicamente o texto da Legenda Áurea de Jacopo da Varazze, mas abreviado nalguns casos, enxertado noutros, e com um apêndice (os Extravagantes). Os Extravagantes foram já objecto, do ponto de vista literário, de uma tese de doutoramento: Cristina SOBRAL, Adições Portuguesas no Flos Sanctorum de 1513 (estudo e edição crítica), Lisboa, Faculdade de Letras, 2000 [Tese de doutoramento em Literatura Portuguesa (policopiada)]. Ilustram o texto, no estado actual do único exemplar conhecido, a impressão de 109 xilogravuras (uma das quais já impressa no rosto), com repetição aqui de 28, num total de 178 estampas. Formulareei a seguir a hipótese da existência de mais estampas, reconstituindo alguns fólios que faltam.
Dadas as semelhanças existentes entre o nosso livro e o seu congénere castelhano, sem rosto, conservado na British Library, em Londres, intitulado Leyenda de los Santos, e a que é atribuído o seguinte pé de imprensa: [Burgos: Juan de Burgos, ca. 1500], sobretudo na parte do Flos Sanctorum comum, i.e. excluídos os ‘extravagantes’, aventuramo-nos a fazer a reconstituição hipotética, e aproximada em alguns casos, do conteúdo iconográfico de alguns fólios que faltam no nosso Flos Sanctorum de 1513. Designaremos o exemplar da Biblioteca Nacional Portuguesa pela sigla Fs 1513, como já assinalei em nota, e o da British Library pela sigla Ls BL.
Neste exemplar, o único conhecido, como já dissemos, falta fólio I (a 1). Estaria no verso deste fólio alguma estampa?
O texto começa com a seguinte rubrica (i.e. texto a vermelho):“Aqui se começa a leenda dos sanctos aqual se chama estoria lombarda. E primeiramente das festas que ocorrem despoys do tempo que foy a ley renouada aqual representa a Ygreja do aduento atee natal. E começase a primeyra leenda que he do aduento. E posto que se chame este liuro segundo emçima dissemos: estoria lombarda. Empero comuũmente se chama flos sanctorum porque aqui esta affrol das vidas dos sanctos.” (f. 2 a)
O texto é ilustrado por estampas de xilogravuras, a maioria de dimensões médias, que passamos a elencar, anotando as falhas e tentando a sua reconstituição mediante o texto paralelo da Ls BL.
(26.)- Estampa (76x70 mm.) representando Santo André, com cruz em aspa – no fólio 5 a.
(27.)- Estampa (76x76 mm.) representando São Crisanto e Santa Daria, dentro de uma casa a ser incendiada – no fólio 7 c.
(28.)- Estampa (76x71 mm.) representando Santa Bárbara, com torre com três janelas – no fólio 7 d.
(29.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Nicolau, ressuscitando os três meninos – no fólio 9 d.
(30.)- Estampa (75x69 mm.) representando um passo da a ‘legenda’ de Santa Luzia – no fólio 11 c.
(31.)- Estampa (75x70 mm.) representando a forma tradicional do Martírio de São Tomé – no fólio 12 b.
(32.)- Estampa (85x56 mm.) representando o Nascimento de Jesus; ladeada por tarjas (L.75 mm.) – no fólio 14 a.
(33.)- Estampa (88x58 mm.) representando Anúncio aos pastores; ladeada por tarjas (L.74 mm.) – no fólio 15 b.
(34.)- Estampa (76x70 mm.) representando uma Santa na fogueira; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Anastácia – no fólio 16 a.
(35.)- Estampa (76x70 mm.) representando um Santo Diácono mártir; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Estêvão – no fólio 18 b.
(36.)- Estampa (76x70 mm.) representando São João Evangelista no caldeirão – no fólio 18 d.
(37.)- Estampa (87x57 mm.) representando a Matança dos inocentes; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio 19 d.
(38.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Silvestre – no fólio 20 b.
(39.)- Estampa (85x56 mm.) representando a Apresentação de Jesus no Templo; ladeada por tarjas (L.74 mm.); ilustrando aqui a ‘legenda’ da Circuncisão de Jesus – no fólio 21 d.
(40.)- Estampa (89x58 mm.) representando a Adoração dos Magos, ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio 22 a.
(41.)- Estampa (76x70 mm.) representando Decapitação de um bispo; ilustrando a ‘legenda’ de São Julião – no fólio 22 d.
(42.)- Estampa pequena (34x26 mm.) representando Job; ilustrando a ‘legenda’ de Julião que matou o pai e a mãe – no fólio 23 a.
(43.)- Estampa (74x67 mm.) representando Santo Papa; ilustrando a ‘legenda’ de São Marceliano – no fólio 23 c.
(44.)- Estampa (76x70 mm.) representando Santo Antão e São Paulo eremita; ilustrando a ‘legenda’ de São Paulo primeiro eremita – no fólio 24 a.
(45.)- Estampa (76x69 mm.) representando Santo Antão – no fólio 26 a.
(46.)- Estampa (76x70 mm.) representando Santo Bispo abençoando menino no berço; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Hilário de Poitiers – no fólio 27 a.
(47.)- Estampa (75x70 mm.) representando São Sebastião – no fólio 30 a.
(48.)- Estampa (75x69 mm.) representando Santa Inês – no fólio 31 b.
(49.) Repetição da ilustração 35. (f. 18 b): Santo Diácono mártir; ilustrando a ‘legenda’ de São Vicente – no fólio 32 a.
(50.)- Estampa (75x70 mm.) representando um Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Ildefonso – no fólio 32 d.
(51.)- Estampa (75x70 mm.) representando São Gil Abade, com a cerva; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Amador – no fólio 40 a.
(52.)- Estampa (74x70 mm.) representando São Basílio com possesso. O papel na área correspondente ao focinho de Satanás está amarelecido – no fólio 41 a.
(53.)- Estampa (76x66 mm.) representando São João Esmoler – no fólio 42 a.
(54.)- Estampa (74x69 mm.) representando a Conversão de São Paulo – no fólio 42 d.
(55.) Repetição da ilustração 48. (f. 31 b): Santa Inês; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Brígida – no fólio 43 b.
(56.)- Estampa (76x69 mm.) representando Santo Inácio de Antioquia – no fólio 44 b.
(57.)- Repetição da ilustração 39. (f. 21 d): Apresentação de Jesus no Templo; ilustrando desta vez o episódio figurado; com as tarjas laterais trocadas em relação à estampagem anterior – no fólio 44 c.
[57A.]- [Estampa representando São Brás (Ls BL)?] – [no fólio 45]?
[57B.] – Falta o fólio 46 ([f 6]), onde começaria a ‘legenda’ de Santa Águeda, já que no cimo do fólio 47, onde continua o texto, se lê o título corrente: “Da sancta agueda virgem.” Mediante comparação com a Ls BL, somos levados a supor a existência da [repetição da ilustração 108. (f. 105 b): Santa a quem cortam os seios; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Águeda].
(58.) Repetição da ilustração 41. (f. 22 d): Decapitação de um Bispo; ilustrando a ‘legenda’ de São Valentim – no fólio 47 c.
(59.)- Estampa (76x71 mm.) representando Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Juliana – no fólio 47d.
(60.)- Estampa (75x70 mm.) representando São Pedro com chaves; ilustrando a ‘legenda’ da Cátedra de São Pedro – no fólio 48 b.
(61)- Estampa (76x70 mm.) representando Apóstolo com lança; ilustrando a ‘legenda’ de São Matias – no fólio 49 a.
(62.) Repetição da ilustração 43. (f. 23 c): Papa; ilustrando a ‘legenda’ de São Gregório – no fólio 49 d.
(63.) Repetição da ilustração 59. (f. 47d): Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de São Longuinho – no fólio 51 c.
(64.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Bento Abade – no fólio 51 d.
(65.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de São Patrício – no fólio 52 d.
(66.)- Estampa (85x57 mm.) representando a Anunciação; ladeada por tarjas (L.75 mm.) – no fólio 53 c.
(67.)- Estampa (84x56 mm.) representando a Ressurreição de Cristo; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio 55 b.
(68.) Repetição da ilustração 41. (f. 22 d): Decapitação de um bispo; ilustrando a ‘legenda’ de São Segundo – no fólio 56 b.
(69.)- Estampa (77x69 mm.) representando Santa Maria egipcíaca – no fólio 57 a.
(70.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Ambrósio – no fólio 57 d.
(71.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de São Toríbio – no fólio 58 d.
(72.)- Estampa (75x68 mm.) representando São Jorge – no fólio 60 c.
(73.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Marcos – no fólio 61 d.
(74.) Repetição da ilustração 43. (f. 23 c): Papa; ilustrando a ‘legenda’ de São Marcelino – no fólio 62 c.
(75.)- Estampa (76x70 mm.) representando a Decapitação de três Santas; ilustrando a ‘legenda’ de São Vidal – no fólio 62 d.
[75A.] [Repetição da ilustração 48. (f. 31 b): Santa Inês; ilustrando a ‘legenda’ de Uma Virgem de Antioquia]? – [no fólio 63//1]?
[75B.]- [Estampa representando São Pedro Mártir(Ls BL)]? – [no fólio 63//2]?
[75C.] [Impressão da ilustração 172. (f. 179 d): Santo eremita; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Amaro]? – [no fólio 65]?
(76.)- Estampa (75x70 mm.) representando Santo Aleixo – no fólio 70 a.
(77.)- Estampa (75x70 mm.) representando Frade, com hábito do tipo usado pelos Dominicanos, & um leigo; ilustrando a ‘legenda’ de São Barlaão e São Josafate – no fólio 73 d.
(78.) Repetição da ilustração 1. (rosto): São Nicolau; ilustrando a ‘legenda’ da Trasladação de Santo Ildefonso de Toledo – no fólio 78 c.
(79.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Filipe Apóstolo – no fólio 80 c.
(80.)- Estampa (77x70 mm.) representando São Tiago Peregrino; ilustrando a ‘legenda’ de São Tiago Alfeu – no fólio 80 d.
(81.)- Estampa (76x71 mm.) representando Reconhecimento da Vera Cruz – no fólio 84 a.
(82.)- Estampa (87x57 mm) representando o Martírio de São João Evangelista; ladeada por tarjas (L.73 mm.) – no fólio 85 c.
(83.)- Estampa (85x57 mm.) representando a Ascensão de Cristo; ladeada por tarjas (L. 73 mm.) – no fólio 86 c.
(84.)- Estampa (85x57 mm.) representando a Descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes; ladeada por tarjas (L.73mm.) – no fólio 89 b.
(85.)- Estampa (76x69 mm.) representando Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Gordiano – no fólio 90 c.
(86.) Repetição da ilustração 79. (f. 80 c): São Filipe; ilustrando a ‘legenda’ de São Mâncio – no fólio 91 a.
(87.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Patrício – no fólio 91 c.
(88.)- Estampa (76x70 mm.) representando a Decapitação de um Papa; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Urbano – no fólio 91 d.
(89.)- Estampa (76x71 mm.) representando Santa lendo; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Petronila – no fólio 92 b.
(90.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Pedro de Coroa-de-Grados – no fólio 92 c.
(91.)- Estampa (76x69 mm.) representando Decapitação de bispo e diácono; ilustrando a ‘legenda’ de São Primo e São Feliciano – no fólio 92 d.
(92.)- Estampa (76x70 mm.) representando Bispo na fogueira; ilustrando a ‘legenda’ de São Barnabé – no fólio 93 b.
(93.)- Estampa (75x69 mm.) representando Dois Santos enforcados; ilustrando a ‘legenda’ de São Vito e São Modesto – no fólio 93 d.
(94.)- Estampa (77x70 mm.) representando Santa Julita e São Ciro – no fólio 94 b.
(95.)- Estampa (76x70 mm.) representando Santa Marina – no fólio 94 c.
(96.)- Estampa (76x70 mm.) representando o suplício dos irmãos Macabeus; ilustrando a ‘legenda’ de São Gervásio e São Protásio – no fólio 95 a.
(97.)- Estampa (76x70 mm.) representando Nascimento de Santo/a; ilustrando a ‘legenda’ do Nascimento de São João Baptista – no fólio 95 c.
(98.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Amando – no fólio 96 b.
(99.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São João e São Paulo – no fólio 96 d.
(100.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Leão Magno – no fólio 97 c.
(101.) Repetição da ilustração 60. (f. 48 b): São Pedro com chaves; ilustrando a ‘legenda’ da Festa de São Pedro – no fólio 97 d.
(102.) Repetição da ilustração 54. (f. 42 d): Conversão de São Paulo; ilustrando São Paulo – no fólio 99 d.
(103.) Repetição da ilustração 96. (f. 95 a): Macabeus; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Felícitas e seus sete filhos – no fólio 101 a.
(104.)- Estampa (76x69 mm.) representando uma Mulher-monge com um menino pela mão; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Teodora – no fólio 101 c.
(105.)- Estampa (75x70 mm.) representando Santa Margarida – no fólio 102 b.
(106.)- Estampa (76x70 mm.) representando a Elevação de Santa Maria Madalena – no fólio 103 a.
(107.) Repetição da ilustração 92. (f. 93 b): um Bispo na fogueira; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Apolinário – no fólio 105 a.
(108.)- Estampa (75x70 mm.) representando uma Santa a quem cortam os seios; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Cristina – no fólio 105 b.
(109.) Repetição da ilustração 80. (f. 80 d): São Tiago Peregrino; ilustrando a ‘legenda’ de São Tiago Zebedeu – no fólio 106 a.
(110.)- Estampa (76x69 mm.) representando São Cristóvão, atravessando um rio, com o Menino Jesus sobre o ombro direito – no fólio 107 c.
(111.)- Estampa (76x69 mm.) representando Os Sete Santos Adormecidos, dentro de uma cova – no fólio 108 c.
(112.) Repetição da ilustração 88. (f. 91 d): Decapitação de um Papa; ilustrando a ‘legenda’ de São Félix Papa – no fólio 109 c.
(113.) Repetição da ilustração 91. (f. 92 d): Decapitação de bispo e diácono; ilustrando a ‘legenda’ de São Simplício e São Faustino – no fólio 109 d.
(114.)- Estampa (75x69 mm.) representando Santa Marta, com o dragão pela trela – no fólio 110 a.
(115.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Abdão e São Sénen – no fólio 111 a.
(116.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de São Germano – no fólio 111 b.
(117.)- Estampa (76x69 mm.) representando São Pedro das cadeias – no fólio 112 a.
(118.) Repetição da ilustração 96. (f. 95 a): Macabeus; ilustrando a ‘legenda’ dos Macabeus – no fólio 113 b.
(119.)- Estampa (75x69 mm.) representando Santo Estêvão Papa – no fólio 113 c.
(120.) Repetição da ilustração 35. (f. 18 b): Santo Diácono mártir; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Estêvão protomártir – no fólio [113 d].
(121.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores (OP) – no fólio 114 d.
(122.)- Estampa (76x70 mm.) representando Transfiguração do Senhor – no fólio 117 b.
(123.) Repetição da ilustração 91. (f. 92 d): Decapitação de bispo e diácono; ilustrando a ‘legenda’ de São Justo e São Pastor, São Sisto e seus dois diáconos – no fólio 117 c.
(124.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Timóteo mártir; ilustrando a ‘legenda’ de São Mamede – no fólio 117 d.
(125.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Donato – no fólio 120 b.
(126.) Repetição da ilustração 41. (f. 22 d): Decapitação de um bispo; ilustrando a ‘legenda’ de São Ciríaco diácono! – no fólio 120 d.
(127.)- Estampa (76x68 mm.) representando São Lourenço, com a grelha – no fólio 121 b.
(128.)- Estampa (75x69 mm.) representando um episódio da ‘legenda’ de Santo Hipólito, em que ele arrastado por um cavalo – no fólio 122 d.
(129.)- Estampa (75x69 mm.) representando Santo Eusébio de Vercelas, a ser apedrejado – no fólio 123 c.
(130.)- Estampa (85x58 mm.) representando a Assunção da Virgem; com tarjas laterais (L.74 mm.) – no fólio [124 a].
(131.)- Estampa (76x70 mm.) representando a Aleitação de São Bernardo – no fólio 126 b.
[131A.] [Repetição da ilustração 124. (f. 117 d)?; ilustrando a ‘legenda’ de São Timóteo, mártir]? – [no fólio 128//1].
[131B.] [Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Sinforiano, mártir]? – [no fólio 128//2].
[131C.]- [Estampa representando São Bartolomeu(Ls BL)]? – [no fólio 128//3].
(132.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Agostinho – no fólio 130 a.
(133.)- Estampa (76x75 mm.) representando São João Baptista – no fólio 131 d.
(134.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de Dois irmãos felizes – no fólio 133 b.
(135.) Repetição da ilustração 51. (f. 40 a): São Gil Abade, com a cerva; ilustrando a ‘legenda’ de São Gil – no fólio 133 c.
(136.) Repetição da ilustração 97. (f. 95 c): Nascimento de Santo/a; ilustrando a ‘legenda’ do Nascimento da Virgem – no fólio 134 a.
(137.)- Estampa (75x67 mm.) representando Santo a ser decepado (Santo Adrião); ilustrando a ‘legenda’ de Santo Adrião e Natália – no fólio 136 d.
(138.) Repetição da ilustração 93. (f. 93 d): Dois Santos enforcados; ilustrando a ‘legenda’ de São Gorgónio e São Doroteu – no fólio 138 a.
(139.) Repetição da ilustração 96. (f. 95 a): Macabeus; ilustrando a ‘legenda’ de São Pronto (ou Proto) e São Jacinto, e Santa Eugénia/Eugénio – no fólio 138 b.
(140.)- Estampa (76x75 mm.) representando Imperador Heráclio com a cruz às costas; ilustrando a ‘legenda’ da Exaltação da Santa Cruz – no fólio 139 b.
(141.) Repetição da ilustração 88. (f. 91 d): Decapitação de um Papa; ilustrando a ‘legenda’ de São Cornélio e São Cipriano – no fólio 141 a.
(142.) Repetição da ilustração 59. (f. 47d): Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Eufémia – no fólio 141 b.
(143.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Mateus – no fólio 141 d.
(144.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Maurício e Companheiros Mártires – no fólio 142 d.
(145.) Repetição de 89. (f. 92 b): Santa lendo; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Justina e São Cipriano – no fólio 143 c.
(146.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Cosme e São Damião – no fólio 144 b.
(147.)- Estampa (75x69 mm.) representando São Miguel. Focinho de Satanás, nítido no original, escurecido no microfilme devido a mancha amarela no papel (não vasa o olho, mas acaba numa ponta sobre a bochecha esquerda) – no fólio 144 d.
(148.)- Estampa (76x69 mm.) representando São Remígio – no fólio 145 d.
(149.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Frades Menores (OFM); ilustrando a ‘legenda’ de São Francisco – no fólio 146 c.
(150.)- Estampa (75x67 mm.) representando São Dinis, bispo cefalóforo; ilustrando a ‘legenda’ de São Dinis – no fólio 149 b.
(151.)- Estampa (75x70 mm.) representando Papa atirado ao rio; ilustrando a ‘legenda’ de São Calisto – no fólio 150 b.
(152.)- Estampa (75x68 mm.) representando São Lopo – no fólio 150 c.
(153.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Lucas – no fólio 151 a.
(154.)- Estampa (76x69 mm.) representando o martírio das Onze mil Virgens – no fólio 151 c.
(155.)- Estampa (75x68 mm.) representando São Judas Tadeu e São Simão – no fólio 152 c.
(156.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Quintino – no fólio 154 a.
(157.)- Estampa (76x70 mm.) representando Todos os Santos – no fólio 154 c.
(158.)- Estampa (87x57mm.) representando Morte; ladeada por tarjas (L.73 mm.); ilustrando a ‘legenda’ da Comemoração dos Finados – no fólio 155 c.
(159.)- Estampa (75x68 mm.) representando um episódio da ‘legenda’ de Santo Eustáquio – no fólio 157 c.
(160.) Repetição da ilustração 46. (f. 27 a): Santo Bispo abençoando menino no berço; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Hilarião de Gaza – no fólio 159 b.
(161.) Repetição da ilustração 35. (f. 18 b): Santo Diácono mártir; ilustrando a ‘legenda’ de São Leonardo – no fólio 161 b.
[161A.]- [Estampa representando Os Quatro Santos Coroados(Ls BL)]? – [no fólio 162].
(162.) Repetição da ilustração 59. (f. 47d): Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de São Teodoro! – no fólio 163 c.
(163.)- Estampa (76x70 mm.) representando São Martinho de Tours – no fólio 163 d.
(164.) Repetição da ilustração 46. (f. 27 a): Santo Bispo abençoando menino no berço; ilustrando a ‘legenda’ de São Brinço de Tours – no fólio 166 a.
(165.) Repetição da ilustração 59. (f. 47d): Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Cecília – no fólio 166 c.
(166.) Repetição da ilustração 151. (f. 150 b): Papa atirado ao rio; ilustrando a ‘legenda’ de São Clemente – no fólio 172 b.
(167.)- Estampa (76x68 mm.) representando Santa Catarina de Alexandria – no fólio 174 d.
(168.) Repetição da ilustração 137. (f. 136 d): Santo a ser decepado; ilustrando a ‘legenda’ de São Tiago Mártir – no fólio 176 c.
(169.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Grisógono – no fólio 177 b.
(170.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Segundo e São Primitivo – no fólio 177 c.
(171.) Repetição da ilustração 91. (f. 92 d): Decapitação de bispo e diácono; ilustrando a ‘legenda’ de São Saturnino e outros santos mártires – no fólio 179 b.
(172.)- Estampa (75x70 mm.) representando Santo eremita; ilustrando a ‘legenda’ de São João do Egipto – no fólio 179 d.
(173.) Repetição da ilustração 43. (f. 23 c): Santo Papa; ilustrando a ‘legenda’ de São Pelaio e Mafamede – no fólio 182 c.
(174.)- Estampa (76x69 mm.) representando Santa com menino; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Beatriz imperatriz – no fólio 189 a.
‘Legendas’ Extravagantes:
(175.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Antolim – no fólio 191 a.
(176.) Repetição da ilustração 91. (f. 92 d): Decapitação bispo e diácono; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Atiliano – no fólio 193 c.
(177.)- Estampa (74x70 mm.) representando Encomendação da alma de um frade; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Catarina de Sena – no fólio 194 d.
(178.)- Estampa (75x67 mm.) representando São Tomás de Aquino – no fólio 198 c.
(179.)- Estampa (75x68 mm.) representando São Luís, rei de França – no fólio 199 d. (180.)- Estampa (76x68 mm.) representando São Jerónimo, vestido de cardeal, com o leão – no fólio 201 a.
(181.) Repetição da ilustração 89. (f. 92 b): Santa lendo; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Engrácia – no fólio 202 c.
(182.) Repetição da ilustração 150. (f. 149 b): Santo Bispo cefalóforo; ilustrando a ‘legenda’ de São Vítores – no fólio 203 c.
(183.) Repetição da ilustração 59. (f. 47d): Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Quitéria – no fólio 206 b.
[183A] - [Falta fólio 208, onde estaria o início da ‘legenda’ de Santa Eulália, uma vez que no cimo do recto do fólio 209 está o título corrente: “De sancta olaya virgem.”; ilustrada possivelmente pela ilustração 59. (f. 47 d): Decapitação de uma Santa.]? Cheguei à formulação desta hipótese por comparação com a estampa que ilustra a ‘legenda’ desta santa na Ls BL.
(184.) Repetição da ilustração 59. (f. 47d): Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Apolónia – no fólio 209 c.
(185.)- Estampa pequena (29x26 mm.) representando Santa Apolónia, com um dente num boticão – no fólio 209 d.
(186.) Repetição da ilustração 59. (f. 47d): Decapitação de uma Santa; ilustrando a ‘legenda’ de Santa Susana – no fólio 211 c.
(187.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Crispim e São Crispiano – no fólio 214 a.
(188.) Repetição da ilustração 149. (f. 146 c): São Francisco; ilustrando a ‘legenda’ de São Bernardino de Sena OFM – no fólio 214 b.
[188A.] [Repetição da ilustração 172. (f. 179 d): Santo eremita; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Onofre]? – [no fólio 219?].
(189.)- Estampa pequena (66x44 mm.) representando Nossa Senhora do Rosário; ilustrando a ‘legenda’ da Festa de Nossa Senhora das Neves – no fólio 221 b.
(190.) Repetição da ilustração 51. (f. 40 a): São Gil Abade, com a cerva; ilustrando a ‘legenda’ de Santo Heleno – no fólio 222 a.
(191.)- Estampa (76x65 mm.) representando Santa Isabel da Turíngia, filha do rei da Hungria – no fólio 222 d.
(192.) Repetição da ilustração 75. (f. 62 d): Decapitação de três Santas; ilustrando a ‘legenda’ dos Santos Veríssimo, Máxima e Júlia – no fólio 228 a.
(193.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de São Geraldo – no fólio 234 c.
(194.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Vitório – no fólio 237 a.
(195.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de São Frutuoso – no fólio 237 c.
(196.) Repetição da ilustração 50. (f. 32 d): Bispo lendo; ilustrando a ‘legenda’ de São Marçal – no fólio 237 c.
(197.) Repetição da ilustração 149. (f. 146 c): São Francisco; ilustrando a ‘legenda’ de Santo António de Pádua OFM – no fólio 243 b.
(198.) Repetição da ilustração 75. (f. 62 d): Decapitação de três Santas; ilustrando a ‘legenda’ dos Santos Vicente, Sabina e Cristeta – no fólio 247 a.
(199.)- Estampa (76x67 mm.) representando Santa Clara de Assis – no fólio 248 a.
(200.) Repetição da ilustração 85. (f. 90 c): Decapitação de um Santo; ilustrando a ‘legenda’ de São Pantaleão – no fólio 250 b.
(201.) Repetição da ilustração 178. (f. 198 c): São Tomás de Aquino; ilustrando a ‘legenda’ de São Pedro Gonçalves OP – no fólio 253 c.
(202.)- Estampa (77x65 mm.) representando Santa Ana tríplice; com tarjas sobrepostas do lado esquerdo (L.74 mm.) – no fólio 258 c.
(203.)- Estampa pequena (25x27 mm.) representando Santa Ana – no fólio 260 a.1.4.
Estampa xilográfica grande
(204.) Estampa grande (131x81 mm.) representando o Juízo Final; com enquadramento de tarjas candelárias (155x120 mm.) – na última página.
Extracto de: Fr. António-José de ALMEIDA OP - IMAGENS DE PAPEL. O Flos Sanctorum em linguagem português, de 1513, e as edições quinhentistas do de Fr. Diogo do Rosário OP - A problemática da sua ilustração xilográfica. Porto: [Texto policopiado], 2005. Tese de doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005. IIª Parte, 1.
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[1] António Joaquim ANSELMO, Bibliografia da obras impressas em Portugal no século XVI, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1926 (reedição anastática em 1977).
[2]Encyclopaedia Universalis, Paris, Encyclopaedia Universalis France, 1978 (6ª publicação), vol. 20, p. 2031 c.
[3] Beato Jacopo da VARAZZE (ou Tiago de VORÁGINE) O.P., Legenda Áurea [trad. portuguesa do original latino de António Maia da ROCHA, a partir da ed. crítica de Giovanni Paolo MAGGIONI], Porto, Livraria Civilização Editora, 1 Novembro 2004 (ISBN 972-26-2127-0) [a seguir: Leg. Áur.], I, p. 71; Flos Sanctorum de 1513[a seguir: Fs 1513], f. 13 d.
[4] Leg. Áur., II, p. 262; Leyenda de los Santos da British Library [a seguir: Ls BL], f. 208 c; Fs 1513, f. 163)
[5] Maria Alzira Proença SIMÕES (org.), Catálogo dos Impressos de Tipografia Portuguesa do século XVI, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1990, p. 135, nº 268.
[6] Emilia COLOMER AMAT, “El Flos Sanctorum de Loyola y las distintas ediciones de la Leyenda de los Santos. Contribución al Catálogo de Juan de Varela de Salamanca”, in Analecta Sacra Tarraconensia. Revista de Ciències Historicoeclesiàstiques, vol. 72 (1999), pp. 12/120-15/123.
[7] Aos dados fornecidos por Emilia Colomer Amat acrescentei outros fruto de consulta de outra bibliografia sobre o tema e da minha observação pessoal.
[8] COLOMER, "El Flos Sanctorum de Loyola...", 1999, pp. 13/121-14/122.
[9] Cada linha de texto xilografado medindo 34 x 144; 37 x 144 mm.
[10] Os fólios iniciais, porque inumerados, designei-os pela assinatura tipográfica seguida do número de ordem. As colunas são assinaladas pelas letras a e b para o recto do fólio, e c e d para o verso.